Estimativas globais estimam que entre 5% e 15% da população está sujeita a ter cálculos renais ao longo da vida.
A urologista Karin Anzolch, da Comissão de Comunicação da SBU, lista os principais fatores de risco que contribuem para o agravamento ou surgimento dos cálculos urinários.
Falta de hidratação
No calor, em tese, tomamos mais água. Mas a mudança de rotina durante viagens, por exemplo, pode ser suficiente para mudarmos nossos padrões de ingestão de líquidos, salienta a médica.
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"As pessoas têm um hábito de tomar água mais ou menos estabelecido. Quando começa o calor, isso não acompanha de imediato. Ela pode até estar com sede, mas não tem água à disposição ali ou não se dá ao trabalho de procurar água para ingerir, passa alguns períodos maiores com sede. Isso acaba desequilibrando o organismo."
O organismo menos hidratado está mais suscetível ao surgimento dos cálculos, acrescenta a médica.
"Se colocarmos uma colher de sopa de açúcar em um copo com bem pouca água e esperar alguns dias, aquele açúcar vai empedrar ali no fundo, aqueles cristas se grudam. Com o sal é a mesma coisa. Mas se a gente colocar bastante água, nem vamos mais ver os cristais, eles vão se diluir ali. Os cristais também são assim na urina: quanto mais líquido, mais eles se diluem, e menos se precipitam e se grudam uns nos outros."
A hidratação diária deve levar em conta cerca de 30 ml por quilo. Desta forma, uma pessoa de 75 kg precisa ingerir 2,25 L.
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Atividade física e cálculos silenciosos
Também é muito mais comum durante o verão que as pessoas pratiquem mais atividades físicas. São nestas ocasiões que cálculos que estavam silenciosos dentro do rim podem, com a movimentação do corpo, deslocar-se.
A dor associada à pedra nos rins só vai ser percebida no momento em que ela se movimentar.
"Um cálculo só dói à medida que obstrui a passagem da urina, o rim dilata – a sua cápsula tem bastante nervos de sensibilidade em volta. Sem obstrução aguda, a pessoa pode até conviver com cálculo e descobrir isso em um exame de rotina, por exemplo", sublinha Karin.
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Consumo de álcool
As confraternizações, férias e viagens fazem com que o consumo de bebidas alcoólicas, principalmente cerveja, aumente durante o verão.
"Embora seja diurético inicialmente, ele [álcool] tem uma fase final que tira mais líquido do que ele colocou para dentro. A pessoa fica um pouco desidratada no efeito pós", alerta a especialista.
Esta desidratação provocada pelo álcool, se for frequente, também aumenta a possibilidade de o indivíduo desenvolver um cálculo urinário.
Proteína animal e sal
Há dois principais tipos de cálculos renais: os que são formados por oxalato de cálcio e fosfato de cálcio e aqueles compostos de ácido úrico.
A proteína animal, especialmente carnes vermelhas e miúdos, está associada à formação e liberação de ácido úrico, explica a médica. Esta substância, em excesso, contribui para o desenvolvimento dos cálculos.
Ela ainda aponta outro problema associado ao consumo excessivo de proteína animal.
"No caso da carne, um dos problemas é a formação do íon amônio, que pode ser um núcleo que depois, a partir dele, outros cristais se grudam na sua periferia, como cristais de cálcio, ácido úrico, fosfato de cálcio..."
O exagero no sal é outro vilão. Ele age como uma espécie de imã, aproximando os cristais que posteriormente vão se solidificar e formar a pedra.
"Se a pessoa já tem uma predisposição a formar cálculos e cometeu um exagero, por exemplo, agora no fim de ano, é maior ainda a importância de tomar bastante líquido após esses excessos, porque se eventualmente se formarem muitos cristais por meio dessas substâncias eles são potencialmente diluíveis antes que se agrupem", orienta.
Bebidas escuras e chocolate
A urologista lembra que, há algum tempo, médicos costumavam orientar que os pacientes com cálculos renais formados por cálcio cortassem, por exemplo, leites e derivados das dietas.
Mas com novas descobertas, foi possível identificar que não é o cálcio em si que provoca as pedras, mas outros componentes, como o oxalato e o fosfato.
Os oxalatos estão presentes em alimentos como o chocolate e em bebidas escuras, como café e chá. Já os fosfatos são encontrados nos refrigerantes.
Sinais e tratamentos
A cólica renal clássica é caracterizada por forte dor na região abaixo da costela, mas que pode irradiar para a lateral ou para baixo, a depender do deslocamento do cálculo.
Em uma escala de dores que o ser humano suporta, esta é uma das mais intensas, provocando frequentemente náuseas e vômitos.
Também pode haver aumento da frequência urinária quando o cálculo está próximo à entrada da bexiga.
O sangue na urina pode dar suporte ao diagnóstico, mas nem sempre é visível — se isto ocorrer sem dor, é preciso procurar atendimento médico, já que pode ser indicativo de outras doenças, como tumor de bexiga.
Mas também há casos de cálculo renal em que a dor não é tão intensa. "Pode até ser confundida com uma dor lombar, um mau jeito", afirma Karin.
Ao chegar no hospital, um paciente com suspeita de cálculo renal será submetido a exames de imagem, que podem ser ultrassom ou tomografia computadorizada, para
O médico também vai avaliar o tamanho do cálculo – os de até 5 mm normalmente são eliminados de forma espontânea – e se há alguma obstrução que coloque em risco a função renal.
"Apesar de às vezes uma cólica ser dramática, se o cálculo é pequeno, a pessoa não está com febre, o estado geral dela está bom, e a dor passa com o analgésico, podemos mandar a pessoa para casa e fazer o parto normal, vamos dizer assim, do cálculo. Mas se ele for maior do que isso, ou tiver febre ou infecção, aí não dá para aguardar, tem que ser desobstruído o rim, tem que ser removida a pedra antes que danifique o rim", diz Karen.
Podem ser prescritos anti-inflamatórios não esteroides para o alívio da dor. O famoso chá de quebra pedra não faz muito jus ao nome, ressalta a urologista. "São mais preventivos ou ajudam a pedra a descer por estimular a diurese".