Triste Demais
Jovem de 18 anos com síndrome rara morre dias após ter diagnóstico de ‘ansiedade exacerbada’ ao ser atendido em UPA, diz família
Beatryz contou que Gustavo procurou atendimento médico na sexta-feira (22) depois de sentir fortes dores no peito

Publicado em 28/04/2023 11:13

Gustavo Henrique Silva, Beatryz Novaes e o filho do casal, em Anápolis, Goiás — Foto: Arquivo pessoal/Beatryz Novaes


Do G1 - Um jovem de 18 anos, que tinha uma síndrome rara, morreu dias após ter sido diagnosticado com 'ansiedade exacerbada', ao ser atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento de Anápolis, a 55 km de Goiânia, segundo contou a família. A esposa do jovem, Beatryz Novaes de Almeida, de 19 anos, explicou que Gustavo Henrique Silva sentiu dores no peito e procurou atendimendo na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alair Mafra de Andrade, mas foi liberado - entenda sobre a síndome que o jovem tinha ao final da reportagem.

- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -

"Ele morreu na minha frente. A gente estava conversando e, do nada, pareceu que acabou o assunto. Quando fui ver, ele tinha morrido", contou Beatryz.

Beatryz contou que Gustavo procurou atendimento médico na sexta-feira (22) depois de sentir fortes dores no peito.

- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -

No entanto, ao receber o diagnóstico de ansiedade e uma receita de dipirona, o jovem foi para casa, onde permaneceu sentindo dores até segunda-feira. A mulher conta que, na terça-feira, o marido acordou melhor e parecia estar sem dores, mas a noite, morreu enquanto estava deitado com ela, jogando no celular, na terça-feira (25).

"Ele sentia muita dor. Ele chorava. Se ele levantava, ele ficava tonto. Ele estava agoniado", contou.

Ao G1, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humanos (INDSH) informou que, ao ser atendido, Gustavo estava com um quadro de dor torácica atípica, com ansiedade exacerbada, sem comorbidades e sem queixa semelhante no passado (veja nota completa ao final da reportagem). O instituto ainda afirmou que, no dia, o jovem passou por um eletrocardiograma, que não apresentou alterações.

No entanto, apesar da instituição dizer que o jovem não tinha comorbidades, Beatryz explica que, durante o atendimento médico, ela e o marido explicaram à equipe sobre o fato de Gustavo ter o diagnóstico prévio da síndrome.

"Chegamos em casa e ele continuou passando mal. Perguntei se ele queria ir de novo, mas ele disse que não ia adiantar, porque não tinham resolvido", contou Beatryz.

A Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis disse ainda que em nenhum momento foi relatado que o paciente era portador de síndrome de Marfan, bem como comunicada nenhuma comorbidade ou uso de medicações. "Apenas foi relatado que a mãe havia falecido por problemas cardíacos, não especificando qual doença a teria acometido", escreveu a nota

Para entender mais sobre a síndrome de Marfan, que é considerada rara, g1 conversou com a médica reumatologista Camila Guimarães. Ela explicou que a síndrome é uma doença rara do tecido conjuntivo que leva a alterações principalmente do sistema cardiovascular, musculoesquelético e oftalmológico.

- CONTINUE DEPOIS DA PUBLICIDADE -

"As alterações cardíacas são as principais complicações da doença e as principais causas de mortalidade", a especialista.

Ainda segundo a médica, como se trata de uma doença causada por mutação genética, não existe uma cura específica para esta doença. No entanto, o diagnóstico precoce é importante para a prevenção.


COMPARTILHAR NO WHATSAPP