Edna e Gabrielly, mãe e filha, trabalharam muito nos últimos seis meses para realizar um grande sonho: ter uma casa. Só que em vez dos materiais convencionais, as duas utilizaram cerca de 5 mil garrafas de vidro, recolhidas dos mares e mangues da Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, onde elas vivem.
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Reciclagem
Edna e Gabrielly saíram de Curitiba (PR) há dois anos para viver na Praia do Sossego, que fica na Ilha de Itamaracá (PE).
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As duas sempre viam garrafas de vidro descartadas nas praias, poluindo a região. Como Edna trabalhou por mais de 18 anos em uma cooperativa de materiais recicláveis, resolveu começar a recolhê-las para reciclagem.
Com mais de 5 mil garrafas recolhidas, mãe e filha tiveram a iniciativa de utilizar o vidro como matéria-prima para a casa que elas tanto desejavam.
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Construção
Juntas, mãe e filha, levaram seis meses para levantar toda a casa. Com 8 horas de trabalho por dia, Gabrielly conta que foi preciso muito apoio para não desistir. “Foi um momento de muita troca, sabe? Que a gente colocou toda nossa disposição nisso. Porque foi logo no início da pandemia e a gente precisava fazer isso acontecer”, diz a filha.
Edna explica que o problema do lixo nas praias e nos mangues da ilha é algo que sempre a incomodou. “A garrafa de vidro, você joga ali no solo, ela é infinita, ela não se decompõe. E a necessidade de ter uma residência, de estar morando em Itamaracá, ter esse problema forte com o lixo aqui. A gente tentando resolver esse problema com o lixo surgiu a ideia de construir minha casa de garrafa, para dialogar com a sociedade que isso não é lixo”, explica a mãe.
A construção começou em maio e Edna e Gabrielly não tinham experiência com construção. Tudo o que elas conseguiram fazer foi pesquisando e testando por conta própria. E assim, com 4.298 garrafas de vidro – até o momento -, transformaram o que parecia lixo em lar.
Primeiro elas limparam cada uma das garrafas para terem a certeza que não haveria resíduos que comprometessem a construção. Depois elas começaram a levantar as paredes. “Em um primeiro momento a gente fez blocos de garrafas. A gente pegava de quatro a seis garrafas, fazia o bloco, colava com argamassa. Depois vinha e encaixava como se tivesse colocando um tijolo. Assim a gente foi levantando, passo a passo, as paredes da nossa casa”, diz Edna.
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Casa de Sal
Gabrielly e Edna batizaram o novo lar de ‘Casa de Sal‘ e defendem a ideia como uma “reivindicação por moradia e ecologia popular“.
A casa está quase toda construída e as duas já estão vivendo no local. Elas comemoraram a vitória e, para Gabrielly, a casa é um “propósito de transformação social que vem para dialogar com a sociedade formas de ressignificar, solucionar e debater toda nossa lógica de descarte“.
Gabrielly ainda ressalta que a construção tem uma visão de como poderão ser as casas no futuro. “Eu tento afirmar que isso aqui é afrofuturismo, é uma visão de futuro”, exalta a jovem.
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Fonte: Jornal Garopaba