Impressionante
'Descobri câncer após alerta de professor na aula'; Veja relato impressionante de estudante brasileira
Gabriella Barboza, de 22 anos, foi orientada a procurar médico após ser chamada para ser modelo em um exame durante a aula. Jovem foi diagnosticada com um tipo de câncer de tireoide.

Publicado em 06/05/2022 20:22

Foto/Reprodução


Por BBC - Era mais um dia de aula para a estudante de medicina Gabriella Barboza. Ela e os colegas de classe aprendiam sobre exames físicos na região da cabeça e do pescoço.

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Em certo momento, a jovem foi chamada pelo professor Daniel Lichtenthaler para ser usada como modelo de como deveria ser feito um exame no pescoço. "Outros alunos já tinham sido chamados. Fui chamada quando ele explicou sobre a técnica para apalpar a tireoide", relembra Gabriella.

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Enquanto o professor fazia o exame na frente da turma, a estudante percebeu algo diferente na reação dele. "Acredito que ele tenha ficado receoso de falar ali, mas notei que algo não parecia normal", diz a jovem. Ela conta que depois, no fim da aula, questionou o docente. "Perguntei se havia alguma coisa de diferente enquanto ele apalpava o pescoço, ele me disse: tem algo aí, dá uma olhadinha".

Ela classifica aquela aula, em meados de outubro de 2020, como um momento fundamental para a sua saúde. "Acho que se eu não tivesse ido naquele dia, talvez não descobrisse tão cedo a doença, o meu diagnóstico demoraria muito mais e poderia ser mais grave", diz a estudante, hoje com 22 anos.

O alerta durante a aula

A jovem, que estava no terceiro semestre de medicina, afirma que não tinha nenhum sintoma, muito menos havia notado qualquer alteração no pescoço.

Lichtenthaler, que é médico especialista em geriatria e clínica médica, conta à BBC News Brasil que notou que a tireoide da aluna apresentava um aumento significativo e assimétrico. Esse motivo o levou a chamá-la para ser usada como modelo na demonstração técnica.

Jovem em foto no hospital após saber que tratamento gerou bons resultados — Foto: ARQUIVO PESSOAL/BBC

Jovem em foto no hospital após saber que tratamento gerou bons resultados — Foto: ARQUIVO PESSOAL/BBC

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"Pelo que me recordo, uma primeira aluna usada como exemplo tinha uma tireoide pequena, o que é normal. Então, olhei rapidamente o pescoço de alguns alunos e o da Gabriella me chamou a atenção", conta o médico.

Ele notou o aumento da glândula ao encostar na tireoide da jovem.

"Tivemos sorte por ela apresentar a alteração anatômica justo na aula de exame de cabeça e pescoço", diz Lichtenthaler.

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A orientação do professor no fim da aula - para que ela procurasse um médico para descobrir o que estava por trás daquela alteração - causou surpresa em Gabriella e a deixou intrigada. "Sempre fui uma pessoa muito saudável, inclusive antes disso tinha passado por consultas médicas e tinha feito exames um mês antes, mas não foi identificado nada de anormal comigo", diz a jovem.

Um dia depois da aula, ela foi a uma consulta com um ginecologista. "Ele avaliou, disse que havia alguma coisa e que era melhor investigar", disse. A jovem passou por diversos exames na semana seguinte. No fim de outubro, ela recebeu o diagnóstico de carcinoma papilífero da tireoide.

"Quando soube, o mundo desabou. Eu fiquei pensando: sou uma pessoa muito nova pra enfrentar isso. Chorei bastante e não queria acreditar naquilo. É um momento em que você vê que as coisas podem acabar", diz a jovem.

Nódulos

Os nódulos na tireoide são considerados comuns e muitas vezes são identificados facilmente em razão da localização de destaque da glândula, na área central do pescoço. Em muitos casos, segundo os médicos, o próprio paciente consegue sentir essa diferença ao tocar essa região do corpo.

Estudante passou por cirurgia após a descoberta de doença — Foto: ARQUIVO PESSOAL/BBC

Estudante passou por cirurgia após a descoberta de doença — Foto: ARQUIVO PESSOAL/BBC

A boa notícia é que cerca de 95% desses nódulos são benignos. E caso o paciente seja diagnosticado com câncer, as chances de cura da doença nessa região são altíssimas — há pesquisas que estimam que cerca de 97% dos casos têm resultados positivos.

A orientação dos especialistas é que os pacientes procurem um médico se notarem qualquer alteração nessa área. Quanto antes houver um diagnóstico, maiores são as chances de cura e de procedimentos menos invasivos para combater o problema de saúde.

 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de tireoide é o mais comum na região da cabeça e pescoço. Os estudos indicam que a doença afeta três vezes mais as mulheres do que os homens.

O câncer mais comum na tireoide é o carcinoma papilífero, como no caso de Gabriella. Ele costuma se desenvolver lentamente, mas pode avançar e atingir outras áreas do pescoço. Segundo especialistas, o tratamento costuma ser bem-sucedido e há poucos registros de mortes.

Quando o câncer de Gabriella foi descoberto, a doença já havia evoluído e tinha atingido outras áreas do pescoço dela e também uma parte do esôfago. No entanto, ainda assim a expectativa dos médicos era muito positiva sobre a recuperação da jovem, por se tratar de um câncer com taxa altíssima de recuperação.

Mesmo com as perspectivas positivas, a estudante ficou muito apreensiva. "Como eu era muito leiga na época, achava que poderia ser o pior caso possível. Quando vi que tinha atingido outras partes, pensei: deve ter espalhado por tudo. Senti como se a minha vida estivesse por um fio", diz Gabriella.


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